dezembro 06, 2008

BARRICA


Este quadro está comigo há mais de vinte anos!
As nuvens carregadas "anunciando" chuva...coisa boa lá, de onde ele veio.
Já o olhava sem vê-lo, integrou-se na sala, diluiu-se. Hoje, sem razão aparente, não só voltei a vê-lo, me perguntei o que o mundo saberia dele.
Do site da Casa do Ceará em Brasília, colhi os dados biográficos do artista:

"Clidenor Capibaribe (Juazeiro do Norte - CE 1908 - Fortaleza - CE 1993)
Desenhista, pintor e ceramista, iniciou-se nas artes plásticas em 1923, recebendo posteriormente aulas de pintura de Gérson Faria. Expôs individualmente pela primeira vez somente em 1935, no Gabinete Portugues de Leitura, em Recife (PE), voltando no mesmo ano a expor no Salão dos Hoteleiros, também em Recife. Em 1941 Barrica esteve entre os fundadores do Centro Cultural de Belas Artes - CCBA e em 1944 entre os fundadores da Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP. Em 1946, 1947, 1948, 1950, 1951, 1953 e 1958, participa do Salao de Abril, em Fortaleza, fazendo jus a Menção Honrosa em 1951 e 1953. Expôs individualmente mais de uma centena de vezes, destacando-se as mostras realizadas em 1947 no instituto do Ceará, em 1948 no Instituto Brasil-Estados Unidos, em 1949 no antigo museu da Universidade Federal do Ceará, em 1963 e 1982 no Museu de Arte da UFC - MAUC e em 1967 na inauguraçao do Centro de Artes Visuais Casa de Raimundo Cela, todas em Fortaleza (CE), e em 1957 na Galeria Montmarte, em 1958, 1959 e 1960 na Galeria Copacabana Arte, em 1966 na Galeria Gead, com apresentaçao de Austregésio de Athaide, todas no Rio de Janeiro (RJ), em 1971 na Galeria Coleccio e em 1981 na Galeria Renot ambas em Sao Paulo (SP), e em 1984 no Estado de Michigan - EUA. Foi homenageado em 1985 pelo Grupo Édson Queiroz com o destaque "Sereia de Ouro", pelos levados serviços prestados a cultura do Ceará. É verbete no "Dicionário das Artes Plásticas no Brasil", de Roberto Pontual, e no "Dicionário Crítico da Pintura no Brasil", de José Roberto Teixeira Leite, dentre outros".


E sobre a pessoa do Barrica,encontrei este texto do Airton Monte publicado no jornal O POVO em 11.05.2006

"Meu tio Barrica

Chamava-se Clidenor Capibaribe por nome de batismo. Era meu tio-avô, irmão de minha avó Valdenora, mãe de minha mãe. No mundo das artes plásticas, foi mais conhecido por seu nome de guerra: Barrica! Desenhista, pintor, ceramista e fotógrafo amador. Durante anos ganhou o pão de cada dia como retocador de retratos na velha Abafilme. E posso dizer que meu tio Barrica foi um dos inesquecíveis heróis de minha infância, porque toda infância que se preza há de ter seus heróis caseiros porque senão não é meninice.
Lembro perfeitamente que minha mãe passava horas me contando histórias do Barrica e morria de rir de suas esquisitices e excentricidades que terminaram por virar lendas familiares. Baixinho, gordinho, atarracado como um barril, de longos bigodes e uma risadinha moleque de garoto travesso. Agora penso que foi o primeiro artista de verdade que eu conheci em minha curta vida. Gostava de vê-lo pintar na casa do meu tio Valci, a mesma casa que tornou-se algum tempo depois na casa de meu pai, o meu querido e vetusto Solar dos Monte.
Nu da cintura pra cima, enfiado numa surrada calça de pijama, pincel numa mão, palheta de tintas na outra, Barrica ia me contando "causos" enquanto trabalhava a sua arte e de suas mãos brotava uma miríade de cores que me deixavam completamente fascinado. Nos fins de tarde, sentava-se numa cadeira de balanço, empunhava o bandolim e a pequena varanda ia se enchendo de música, valsinhas, chorinhos. Nas festas juninas entregava-se a um divertimento perigoso: fazer fogos de artifício. Um dia, errou na dose de pólvora e chamuscou os bigodes.
Mais tarde, quando soube que eu fazia versos, mostrou-me alguns de seus sonetos escritos no mais puro francês. Batizou todos os filhos com nomes gregos. Na hora da merenda, me chamava pra comer "Tabaco de Adão", que era nada mais nada menos que banana frita com canela. Era um homem estranho, o Barrica. Estranho, não. Talvez nós é que sejamos estranhos. Barrica era um poeta, um fazedor de arte, um artesão da beleza. Sei que está havendo uma exposição dele na cidade. Vou até lá para ver, relembrar e matar as saudades."


Olhando agora para ele, pareceu-me diferente...

4 comentários:

Eneas Romero de Vasconcelos disse...

Oi, meu nome é Hugo. Achei muito bonito o quadro que vc postou. Tens interesse de vendê-lo?
Caso tenha, meu email é hugoportoneto@hotmail.com.
Parabéns.

Carolina disse...

Oi, tudo bem? A senhora poderia me dizer se este quadro do Barrica possui um titulo e data? Sou pesquisadora e seria muito importante para mim ter esta informação. Muito obrigada pela sua atenção.

Unknown disse...

Realmente Barrica foi um dos ícones culturais do Brasil. Mantenha sua memória preservada. Tenho um Barrica adquirido por minha mãe que não mostro a ninguém.
Parabéns.

Unknown disse...

Eu tenho um quadro do Barrica